Aconteceu, dia 06 de dezembro, na Livraria da Travessa no Rio de Janeiro, o lançamento do livro “O Mistério da Mona Ocó”, mais um livro do poeta Moisés Guimarães.
Moisés Guimarães dá conta da tarefa de transpor para a poesia elementos que pertencem ao discurso oral de uma determinada comunidade de falantes LGBT. Talvez seja este o sentido que encontramos em “O Mistério da Mona Ocó”: o que se revela a partir desse extrato social. Teria a linguagem poética a mesma força da oralidade ao dar vazão a essas vozes que reclamam seus espaços e suas existências? O autor apresenta uma disposição em rever – neste sistema linguístico conhecido como pajubá – o locus da palavra vocalizada, bem como o que se revela nesta cadeia de significantes.
Neste pequeno livro, o último da trilogia de uma poética em pajubá , o autor constrói uma narrativa a partir de um lugar de segredos. É neste lugar de criação que a poesia nasce. O livro não investiga ou pretende responder às inquietações do mundo LGBT, mas deixa pulsar um lirismo que sugere os espaços de convívio desta comunidade. O mistério proposto no livro pode ser visto como um lugar de escape, de brecha, de rachadura em que emergem personagens plurais peculiares às narrativas de Moisés Guimarães. Talvez a inquietação do leitor esteja na obtenção da resposta de onde vem esta Mona Ocó. Para isto, revista-se das várias faces dos versos, da charada, ou até mesmo de alguma inferência para abarcar soluções possíveis. Quem mergulha no universo fantástico, já imagina possível punhal sarraceno que virá.