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Meu pai recebeu o diagnóstico de Alzheimer em 2010. Minha primeira filha nasceu em 2011. De um lado, eu acompanhava meu pai na travessia da loucura e do desaparecimento, numa despedida da linguagem. De outro, eu acompanhava minha filha chegar ao mundo e inventar sua própria língua. Neste fio tenso, ligado por dois extremos, o que se poderia fabular como um encontro que não rompesse a corda? Desta pergunta, nasceu este conto, escrito, na sua primeira versão, em 2017. Curioso que ele tenha nascido nesta linguagem, a da infância: um conto infanto-juvenil. Ali, na infância, onde guardamos as palavras como explosões, o fio permanece tenso, e vivo. (Camila Prando)