O objetivo da Umbanda não é voltado para a própria Umbanda, mas para as vidas das pessoas que a procuram e para as nossas próprias vidas de médiuns. Ser umbandista no terreiro, eu já sei. Quero saber o que significa ser umbandista na rua, na fila da agência bancária, em família, no trabalho, o que significa ser umbandista em sociedade, porque, passadas as três ou quatro horas da gira, é em sociedade que eu vivo. Ser umbandista de roupa branca, eu já sei. Quero saber o que significa ser umbandista de jeans, ou de bermuda na praia, ou de terno no escritório, ou de pijama na cama de casal. Se a Umbanda só me ensinasse a ser umbandista no centro, a Umbanda não teria importância nenhuma. Se a Umbanda tem importância, e eu afirmo que tem, essa importância estará em fazer de mim uma pessoa que sabe viver, viver, viver, do portão do centro para fora. A Umbanda olha para a Assistência e a Umbanda olha para fora. A Umbanda não vive de olhar para os seus próprios salões. A Umbanda não é conhecimento autocontido, não é finalidade fechada em si mesma. Vale a pena ser conhecida, porque tem importância prática. Importância prática além de suas próprias práticas.
O autor.