A erótica está permeada pela ética e se expressa através de uma estética própria. Ao longo da evolução da erótica, observamos diferentes eróticas atravessadas por diferentes éticas e expressadas através de diversas estéticas. A autora nesta pesquisa detém-se, em particular, na erótica ocidental burguesa do casamento monogâmico e na erótica contemporânea. A primeira está cheia de promessas ilusórias de bens e de beleza, que funcionam como barreiras para o acesso ao gozo. A erótica contemporânea, consequência de dois fluxos de mudanças – o individualismo e a liberação sexual da mulher –, apresenta um elemento que já é expressão da mudança, no âmbito da erótica, produzida nos últimos tempos: a incorporação do amor-paixão no casamento. A erótica contemporânea é guiada pela ética do desejo e diz respeito tanto ao homem quanto à mulher – um novo fato na história da erótica. Suas manifestações estéticas são infinitas e fazem parte da ordem do cinismo ou da tragédia. Ambas transgridem a lei, ou seja, vão além da lei, como é próprio da erótica.