A obra musical de Chico Buarque é conhecida pelo caráter interpretativo e crítico do Brasil, desde seu período mais participante das décadas de 1960 e 1970 e hoje, como um cronista arguto das mazelas de nossa sociedade. É possível dizer que em sua obra encontramos uma espécie de síntese das esperanças e desalentos da história recente do Brasil. Nessa perspectiva, esse estudo trabalha as seguintes questões em sua obra poético-musical: no capítulo um, denominado “Música Popular Brasileira, política e utopia em Chico Buarque” observamos que a poesia do compositor carioca faz uma análise crítica da sociedade autoritária e ditatorial brasileira, coloca-se contra a ideologia oficial e contesta a insensibilidade do sistema para com os humildes, mas nunca deixa de lado a elaboração estética, distanciando-se muito do puro engajamento. No capítulo dois: “A infância nas canções de Chico Buarque: da fantasia ao abandono”, nossos esforços foram direcionados para a análise de duas proposições frequentes sobre a infância na obra do compositor: a fantasia e o sonho, a pobreza e o abandono da criança no Brasil. A proposta do capítulo seguinte, denominado “Pedreiros e desterrados: a representação do trabalho urbano e rural nas canções de Chico Buarque” é refletir sobre a figuração do mundo do trabalho urbano e rural brasileiro na obra musical de Chico Buarque. No capítulo quatro “Adeus, tenho que partir...: uma leitura de ‘Bye bye, Brasil’ e ‘Iracema voou’, de Chico Buarque”, analisamos as duas canções que intitulam o capítulo, que revelam o exílio do brasileiro dentro do próprio país, como também para fora dele. Situação que aponta para a necessidade do exílio como busca de uma melhora de vida. Intuito fracassado, pois mesmo exilados os brasileiros desterrados continuam vivendo à margem e excluídos do desenvolvimento econômico. No capítulo, denominado “‘Sinhá’, a história do Brasil fundada pela violência”, pretendeu-se, através da análise detida da canção “Sinhá”, do álbum Chico, de 2011, pensar sobre o processo de constituição do Brasil por meio da presença marcante da violência, entendida como formadora e ainda hoje fortemente presente em nosso país. No sexto capítulo, “O motivo do carnaval na poética de Chico Buarque”, procuramos verificar como o compositor utiliza o motivo do carnaval, como procedimento poético para a construção de suas canções e também como o carnaval brasileiro, elemento da cultura popular nacional, é representado em suas composições. Em nossas considerações finais, que denominamos de “ ‘Que tal um samba? ’, Chico Buarque canta um novo Brasil”, concluímos o livro, com a análise da canção “As caravanas”, em que o compositor revela um Brasil violento e racista e sua composição mais recente, “Que tal um samba?”, uma canção em que Chico Buarque convoca o Brasil para a construção de um