Ainda no prefácio fala-se sobre personagem woodyaleano. Este, quebrado feito “garrafa em pedaços pelo oceano”. A fragmentação do eu lírico de Allen, inúmeras vezes tratada como pastelão, canastrão, ao se woodyalleenar Allen, nota-se personagens que preferem o silêncio da biblioteca ao recreio e rir deles, é rir de alguma desgraça.
Destrancar palavras, como anotou Villela no prefácio, nos leva às cenas psicanalíticas em branco e preto. Ou sessões de descarrego em vermelho e preto. Descarregar o quê? Cada palavra é uma peça de roubo de carga para o daltônico que vos fala!
Destaca-se a pouca importância de classificação poética ou gênero do fragmento para Gisele Lemos no posfácio: “Há de se deixar perder do tempo para ler e reler as palavras de Antonio Nogueira.” Talvez sua classificação de “Poeta ilusionista” engane bem aventureiros das páginas que seguem...Gisele diz que palavras não envelhecem, Letícia ressalta o balde nos pés numa expulsão de bar. E por estar velho, assim, me despeço para convidar a leitura.
Não o tome como um todo, mas como fragmento; do avesso, não se deite num divã, enfeite-o com livros da biblioteca de Alexandria, trepe embaixo deles. Limpe-se com as páginas a seguir e lembre-se: desvie o máximo possível do ideal, faça amor com tudo aquilo que não entender desse livro; sem dúvidas é o que deveria recomendar o terapeuta aos fragmentos de Allen.
Antonio Nogueira
Inverno de 2022.